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Manifesto Antropófago

20 ago

Manifesto Antropofágico foi um Manifesto Literário escrito por Oswald de Andrade, principal agitador cultural do início do Modernismo no Brasil. Foi lido em 1928 para seus amigos na casa de Mário de Andrade e publicado na Revista de Antropofagia, que ajudou a fundar com os amigos Raul Bopp e Antônio de Alcântara Machado.

Mais político que o anterior manifesto de Oswald, o da Poesia Pau-Brasil, esteticamente, basicamente, reafirma os valores daquele, apregoando o uso de uma “língua literária” “não-catequizada”.

Ideologicamente, se alinha ainda com aquele, porém busca uma maior explicitação da aproximação de suas idéias com as de André Breton e, portanto, com as idéias de Marx, Freud e Rosseau.

A Antropofagia, como movimento cultural, foi tematizada por Oswald nesse manifesto, mas também reapareceu outras vezes em sua obra. Em Marco Zero I (1943), romance de Oswald escrito sob influência do marxismo e da arte realista mexicana, surgiu o personagem Jack de São Cristóvão, relembrando a antropofagia e celebrando-a como uma saída para o problema de identidade brasileiro e mesmo como antídoto contra o imperialismo.

Na maturidade, Oswald buscou fundamentação filosófica para a antropofagia, ligando-a a Nietzsche, Engels, Bachofen, Briffault e outros autores, tendo escrito a respeito até teses, como aDecadência da Filosofia Messiânica, incluído em A Utopia Antropofágica e outras utopias, lançado, como toda sua obra, pela editora Globo a partir dos anos 80.

  1. A revista da Antropofagia

A Revista de Antropofagia teve duas fases, ou “dentições”, como queriam os seus participantes. De maio de 1928 a fevereiro de 1929, com 10 números, dirigida por Raul Bopp e Alcântara Machado, com uma ideologia ainda não totalmente definida e antropofágica foi a primeira fase. Desta forma, contribuíram para a revista autores de ideologias diferentes como Plínio Salgado, Mário de Andrade,Guilherme de Almeida, Jorge de Lima, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Menotti del Picchia, Murilo Mendes, Augusto Meyer, Pedro Nava (praticamente toda a linha de frente do modernismo brasileiro da época). Com ideologia mais definida, a “segunda dentição”, dirigida por Geraldo Ferraz, teve 15 números publicados no “Diário de São Paulo”, de 17 de março de 1929 a 1 de agosto de 1929. Os “antropófagos” da segunda fase foram: Oswald de Andrade, Raul Bopp, Geraldo Ferraz, Tarsila do Amaral e Patrícia Galvão (Pagu).

  1. O Legado

À parte, talvez, o Concretismo dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, que, segundo João Cabral de Mello Neto prestou um serviço sem par à poesia brasileira, a Antropofagia foi o mais consequente movimento dentro do modernismo brasileiro, fundando uma identidade cultural que teve reflexos na música brasileira, por exemplo, sendo a Bossa Nova e o Tropicalismo dois casos típicos de concretização dos ideais de “deglutição” ou “devoração crítica” propostos por Oswald de Andrade. A Antropofagia tem entre seus principais marcos a pintura Abaporu de Tarsila do Amaral e o livro Cobra Norato de Raul Bopp.

O QUE DEVE SER UM JOVEM COMUNISTA – Ernesto “Che” Guevara

29 jul

Quero colocar agora, companheiro, qual é a minha opinião, a visão de um dirigente nacional, sobre o que deve ser um jovem comunista.

 Eu acho que a primeira coisa que deve caracterizar um jovem comunista é a honra que sente por ser jovem comunista. Esta honra que o leva a mostrar para todo o mundo sua condição de jovem comunista, que não se submete à clandestinidade, que não o reduz a fórmulas, mas que ele manifesta a cada momento, que lhe sai do espírito, que tem interesse em demonstrar porque é o seu símbolo de orgulho.

Junto com isso, um grande sentido do dever para com a sociedade que estamos construindo, com nossos semelhantes como seres humanos e com todos os homens do mundo.

Isso é algo que deve caracterizar o jovem comunista. Ao lado disso, uma grande sensibilidade para com todos os problemas, grande sensibilidade diante da injustiça; espírito inconformado sempre que surja algo ruim, seja quem for que o tenha dito. Colocar tudo o que não se compreender; discutir e pedir que deixem claro o que não estiver; declarar guerra ao formalismo. Estar sempre aberto para receber as novas experiências, para se ajustar à grande experiência da humanidade, que leva muitos anos avançando pela senda do socialismo, as condições concretas de nosso país, as realidades que existem em Cuba: e pensar – todos e cada um – como ir mudando a realidade, como torná-la melhor.

O jovem comunista deve propor-se a ser sempre o primeiro em tudo, lutar para ser o primeiro, e sentir-se incomodado quando em alguma coisa ocupa outro lugar. Lutar para melhorar, para ser o primeiro. Claro que nem todos podem ser o primeiro mas podem estar entre os primeiros, no grupo de vanguarda. Ser um exemplo vivo, ser o espelho onde se olhem seus companheiros que não pertençam às juventudes comunistas, ser o exemplo onde possam se olhar os homens e as mulheres de idade mais avançada que perderam certo entusiasmo juvenil, que perderam a fé na vida e que diante do estímulo do exemplo sempre reagem bem. Essa é outra tarefa dos jovens comunistas.

Junto com isso, um grande espírito de sacrifício, um espírito de sacrifício não somente para as jornadas heróicas, mas para todo o momento. Sacrificar-se para ajudar os companheiros nas pequenas tarefas, para que possa assim cumprir seu trabalho, para que possa cumprir com seu dever no colégio, no estudo, para que, de qualquer maneira, possa melhorar. Estar sempre atento a toda a massa humana que o rodeia.o que se coloca para um jovem comunista é ser essencialmente humano, ser tão humano que se aproxime do melhor dos humanos.

Purificar o melhor do homem através do trabalho, do estudo, da prática da solidariedade contínua com o povo e com todos os povos do mundo; desenvolver o máximo de sensibilidade, até o ponto de sentir-se angustiado quando em algum canto do mundo um homem é assassinado e até o ponto de sentir-se entusiasmado quando em algum canto do mundo se levanta uma nova bandeira de liberdade.” (Che Guevara)

Mudar o Seu Mundo. Gestos Simples.

28 jul

Primeira Frase: eu sou cego, por favor me ajude

A última frase: È um dia bonito, e eu não posso vê-lo.

Como pequenas frases podem mudar o dia de alguém. Cuidado com o que você diz.

BBB

26 jul

Não se assuste, se algum adolescente chegar a dizer isso para você: minha vida é um BBB: Beijar, Beber e Balada. Considerada por muitos, uma juventude transviada, geração coca-cola, tribalistas. Juventude agora pode-se resumir a uma simples frase: Sem rotulos, por favor!

Antropofagicos: uni-vos!

25 jul

Os dirigentes sindicais, os responsáveis pela forte imprensa dos trabalhadores, os estudantes e toda a sociedade devem começar a prestar atenção ao que anda acontecendo na “blogosfera”, ou seja, nas comunicações eletrônicas por celulares e computadores, em rede ou individuais.

Já estamos vendo acontecer as revoltas nos países árabes, as gigantescas manifestações de jovens rebelados em Portugal e na Espanha, o churrascão da Higienópolis – todas manifestações tramadas e potencializadas pela rede de computadores e telefones.

Mas, mesmo entre nós, não podemos esquecer o papel desempenhado pelos celulares na convocação e mobilização. Nossa própria cultura impressa de modo individual para o coletivo.

Nós, antropofágicos, podemos ter algumas iniciativas cobertas de êxitos na rede, promovendo conteúdos midiáticos em defesa da democratização dos meios de comunicação e no esforço de ajudar à organização deste mundo de comunicadores.

Como Marx já dizia: Uni-vos.!

As Identidades que o homem assume

24 jul

O homem tem tanta facilidade de associar-se quanto de segregar-se, dessa forma, aglomera-se sob o julgo de enormes Estados e, dentro deles divide-se em regiões, cidades, bairros e etc.

 Identificando-se com cada uma dessas sub unidades em contraposição às demais, assim o homem se considera, por exemplo, brasileiro, mas esta identidade não lhe basta, então assume também a identidade de sua região, o centro-oeste, por exemplo. Dentro do centro-oeste ainda há o claro antagonismo entre os matogrossense e os matogrossense do sul, e entre os matogrossenses há a distinção entre norte e sul, etc.

Chega-se ao absurdo das micro comunidades, constituídas por pouquíssimas pessoas, reunidas por assuntos diversos tais como preferência musical, time preferido e outras bagatelas. Nessas micro comunidades, no entanto, encontram-se ainda as identidades mais amplas, como a nacionalidade.

A provável justificativa desse paradoxo encontra-se na necessidade do homem de estar em comunidade e do instinto oposto a esse primeiro, qual seja o individualismo.

Não pode o homem viver fora de alguma sociedade (os exemplos de prova em contrário são mínimos, apenas confirmando a regra.), ela é sua condição irrefutável e, sem sombra de dúvidas concede-lhe diversas facilidades que ele não teria no estado de natureza de Hobbes ou Rousseau.

Em frontal contraposição a essa necessidade inerente o homem é, e isso se prova na necessidade do Direito para ordenar os homens, para que estes não se matem, não se roubem e se enganem, um ente individualista e intolerante, prefere ficar na companhia daqueles que guardam com ele certas semelhanças a estar um só momento em convivência com aquele homem diferente de si.

Encontra-se o homem em um paradoxo no qual fora lançado pela sua própria natureza e, sendo ambas as características dessa mesma natureza não é possível apenas optar por apenas uma de suas vontades, sob pena de ver-se frustrado.

 Deve o homem, este ser controverso, viver em sociedade, mesmo perante tudo que, a seus olhos figura-se incoerente e, concomitantemente, ter sua individualidade respeitada, podendo agrupar-se em pequenas comunidades sem, no entanto, desligar-se do resto da sociedade.

Estranhamente esses instintos opostos acomodam-se sem grandes conflitos na mente humana, dessa forma o homem do Mato Grosso orgulha-se de ser brasileiro, mesmo não se identificando em absoluto com seus vizinhos Mato Grosso do Sul.

Isso acontece por tratar-se, tal nacionalidade, ampla e cega, de mera criação que, ilusoriamente abrange todos os nacionais, podendo dessa forma, aquele homem, que não se identifica nem com o seu vizinho, nem com os colegas de trabalho, lutar em prol da nação, sem ter a menor compreensão do que é, exatamente essa nação.

Ocorre que, não se pode desprezar a importância política, social e cultural dessa nacionalidade, pois mesmo sendo ela mera criação, aparentemente tornou-se algo arraigado da percepção do homem médio sendo ainda, uma contraposição às demais nacionalidades e uma forma de afirmação de uma individualidade que, mesmo ampla, é mais restrita que a própria identidade de “homem”.

O fato é que não se questiona de forma alguma a veracidade desses grupos nacionais, ou mesmo dos grupos mais restritos, o homem apenas os aceita como um cordeiro, tornando-se uma contradição pacífica pela ignorância e falta de auto questionamento.

O que defendo aqui não é o esquecimento da nacionalidade, nem sua aceitação, mas a reflexão de cada indivíduo buscando compreender-se na sociedade em que vive, percebendo-se com ela compatível ou não, para daí saber quem é, e não apenas ser levado a acreditar que é alguma coisa. Sou brasileira, e não gosto de dar um jeitinho nas coisas, detesto churrasco em dia de domingo, acho fascinante a língua TUPI, adoro essas diferenças culturais, gosto de samba, bossa nova, mpb, mas jamais abriria mão, como fazem alguns xiitas, do blues, do rock, do jazz, folk e etc.

A nacionalidade não é tácita, não somos, nem podemos ser todos semelhantes, sequer parecidos.

Inicio do MEU manifesto.

19 jul

Só a antropofagia nos une,

releitura do manifesto antropofagico!

Queremos a Revolução Tupiniquim,

Maior que a Revolução Francesa!

Contra todos os importadores de consciência enlatada!

Talvez isso seja consequência

De nunca ter tido uma gramática,

A transfiguração do Cinema Brasileiro em puramente mais valia do capital.

Manifesto Antropofagico: Tupi, or not tupi that is the question.

13 jul

Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi that is the question. Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa. O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior.

A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará. Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande. Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil. Uma consciência participante, uma rítmica religiosa. Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.

Queremos a Revolução Caraiba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem. A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls. Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Ori Villegaignon print terre.Montaigne. O homem natural. Rousseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à Revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling.

Caminhamos..Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará. Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós. Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe : ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia. O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores.

Só podemos atender ao mundo orecular. Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem. Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico. O indivíduo vitima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. O instinto Caraíba.
Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia.

Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo. Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses. Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro. “Catiti Catiti / Imara Notiá / Notiá Imara / Ipeju”. A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais. Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comi-o.

Só não há determinismo onde há mistério. Mas que temos nós com isso? Contra as histórias do homem que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César. A fixação do progresso por meio de catálogos e aparelhos de televisão. Só a maquinaria. E os transfusores de sangue. Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas. Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde de Cairu: – É mentira muitas vezes repetida. Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti.

Se Deus é a consciênda do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais. Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação. Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. E um sistema social-planetário. As migrações. A fuga dos estados tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatórios e o tédio especulativo. De William James e Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia. O pater famílias e a criação da Moral da Cegonha: Ignorância real das coisas+ fala de imaginação + sentimento de autoridade ante a prole curiosa. É preciso partir de um profundo ateísmo para se chegar à idéia de Deus. Mas a caraíba não precisava. Porque tinha Guaraci.

O objetivo criado reage com os Anjos da Queda. Depois Moisés divaga. Que temos nós com isso? Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade. Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz. A alegria é a prova dos nove. No matriarcado de Pindorama. Contra a Memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada. Somos concretistas. As idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças públicas. Suprimarnos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas. Contra Goethe, a mãe dos Gracos, e a Corte de D. João VI.

A alegria é a prova dos nove. A luta entre o que se chamaria Incriado e a Criatura – ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modusvivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto sexual. É a escala termométrica do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade.

Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo – a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos. Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo. A nossa independência ainda não foi proclamada. Frape típica de D. João VI: – Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.

Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.

OSWALD DE ANDRADE: Em Piratininga, Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha, (Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)